A Parábola do Pássaro Bernie



Havia um pássaro chamado Bernie que tinha medo de voar. A Mãe e o Pai pássaros, quando os filhinhos pássaros estão prontos, empurram-nos suavemente para fora do ninho! Os pássaros caem, claro, mas logo se apercebem de que alguma coisa lhes diz para abrir as asas, começar a batê-las, pois logo o vento os elevará e... aí vão eles para cima! É bastante difícil que acabem no chão, depois de terem aberto as asas para voar.

Porém, Bernie decidiu que não queria aprender a voar. Um dia, ao regressar ao ninho, o pai perguntou-lhe: «Bernie, o que se passa? Todos os pássaros voam. Olha à tua volta. Todos andam a voar. É uma coisa típica dos pássaros... Tens que aprender!... Por que não queres voar? Porquê?»

Bernie pensou um momento e disse: «Tenho medo, paizinho.»

«E por que tens medo?», perguntou o pai. «Olha para a tua irmã e o teu irmão, olha para mim e para a tua mãe... todos nós voamos. Repara... os teus amigos voam... Os pássaros voam, Bernie. Tu és um pássaro!»

«Tenho medo, paizinho... porque... ali não há nada! Dizes que o ar sustenta as asas. Mas... é invisível. E quase que não funciona!... Viste o meu irmão e a minha irmã quando caíram? Quase que não conseguiam!»

O pai de Bernie ficou que tempos a olhar para ele e disse «Bem, creio que está na hora de Sigg o doutor do cérebro te ver.»

No dia seguinte lá estava o pássaro doutor do cérebro.

«Bom dia, Bernie», disse Sigg. «Bernie, afinal tu tens medo de quê?», perguntou-lhe o médico. Bernie respondeu: «Não consigo acreditar no ar, nem sequer o consigo ver. Sei que todos vocês voam... flap, flap, flap,... Só que isso de voar não é bom para mim porque, antes de mais nada, eu preciso absolutamente de ver o ar.»

Sigg, virando-se para Bernie, disse-lhe: «Bernie, tens medo de voar porque não consegues ver o ar. Mas, lá no fundo, do que é que, realmente, tens medo?»

Bernie olhou-o e respondeu: «Bom, tenho medo de cair e de me esborrachar no chão... o que, segundo parece, não demora muito a acontecer quando os pássaros caem dos ninhos... Tenho medo, pronto!»

«E, concretamente, o que é que faz com que um pássaro caia?», perguntou Sigg ao seu jovem aluno. «Bom... quer dizer..., suponho que é a gravidade», respondeu Bernie. «Ah... sim... então é a gravidade», Sigg fez uma pausa e continuou: «Sabes, Bernie, mas também não se pode ver a gravidade, não e assim?»

Bernie pensou por um instante e respondeu: «Realmente, não. Não se pode ver a gravidade». «Mas tu acreditas na gravidade, Bernie? Mostra-me lá a gravidade».

Bernie pensou e depois disse: «Bom, não posso mostrar-lhe a gravidade. Se saltar do ninho, cairei e morrerei. Pois então, isso é gravidade». «Assim é, de facto», disse o doutor. «Podes provar que a gravidade existe desde que saltes do ninho, Bernie. Mas também podes provar que o ar existe quando saltas do ninho, porque ele existe, tal como a gravidade. Não podes vê-lo mas ele existe».

Sigg terminou a sessão de orientação e preparou-se para se ir embora. Mas, em vez de se atirar para a frente e sair a voar, Sigg saltou para fora do ninho, deu um grito enorme a chamar por Bernie e fingiu que caia a pique por ali abaixo:

«Isto é gravidade, Bernie...», gritou Sigg enquanto caía na vertical, «... e isto é o ar, Bernie!», acrescentou ao endireitar-se com as asas totalmente abertas. Depois, afastou-se voando suavemente. Bernie ainda conseguiu ouvir o Doutor Cérebro de Pássaro a cantar enquanto se afastava: «Ambos são invisíveis... ambos são reais»...

Bernie ficou ali quieto durante um bom bocado. Pensou... pensou... e finalmente sentenciou: «Sabem, o pássaro doutor do cérebro tem razão. Só porque não posso ver o ar isso não significa que não exista. A gravidade está em toda a parte. Talvez se passe o mesmo com o ar. Mas é precisamente disso que tenho medo. Não conseguirei saber enquanto não experimentar.»

Sigg, o pássaro doutor do cérebro, mostrara a Bernie que era interessante o facto de haver algo que não se pudesse ver, como a gravidade, mas que convinha saber que existia, pois podia-se morrer em consequência de uma queda. Mas também chamara a atenção de Bernie para o facto de ele não acreditar em algo maravilhoso, como era voar, usando o ar invisível. E Bernie compreendeu que, de facto, tinha medo era da gravidade! Talvez o ar invisível fosse parecido com a gravidade invisível, mas... conseguiria salvá-lo? Bernie decidiu que, no dia seguinte, voaria. Seria corajoso... e disse-o a todos os pássaros do bosque e dos outros ninhos, que estavam ali a olhar para ele.

No dia seguinte, Bernie acercou-se da borda do ninho. E saltou! O medo apoderou-se de Bernie à medida que ia caindo, como chumbo, direito ao chão. Enquanto Bernie via a casca da árvore a passar rapidamente e o chão a aproximar-se dele a toda a velocidade, ouviu uma voz interna que dizia: «As asas, Bernie, as asas!... Abre as asas!»

«Tou assustado, tenho medo», gritou Bernie mentalmente. Mas, no ultimo momento, finalmente, abriu as asitas curtas e fraquinhas, e começou a agitá-las freneticamente. Naturalmente, esse sistema invisível de sustentação, chamado ar, encarregou-se do resto. A magia do voo que tinha servido para a sua mãe, pai, irmão e irmã, apoderou-se dele. Então, sentiu a sustentação e... aí foi ele, por ali acima!

Bernie, não se pôde conter. Voou o dia inteiro. Voou, voou, voou o mais alto que lhe foi possível, até que as asas se cansaram e, então, vitoriou essa coisa que não via e a que todos chamavam AR. Planou à volta das árvores e gritou: «Vejam... estou a voar!»... como se nenhum outro pássaro tivesse voado antes! Todos aplaudiram Bernie, não porque estivesse a voar, mas pela coragem que mostrara em voar por sua própria escolha.

1 comentarios:

  1. é isso mesmo, temos q enfrentar nosso medos e "voar" cada vez mais alto!

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