Educação dos filhos

Dizer a seu filho que o mau comportamento dele a deixa triste não é boa política.


A clássica estratégia de repreender ou convencer o filho apelando ao sentimento de culpa infantil com frases do tipo "A Mãe está muito triste porque você pegou a tesoura" ou "Se você não comer, a mamãe vai ficar triste" não é boa prática educativa. A atitude pode confundir a criança sobre a nomeação dos sentimentos e transferir a ela responsabilidades com as quais ela ainda não sabe lidar, com prejuízo para a auto-estima e o desenvolvimento. "Geralmente, os pais dizem que estão tristes quando na verdade estão com raiva", lembra a psicóloga Cristiane Sapiro. Além da confusão de ver adultos irritados dizendo que estão tristes, a criança pode associar suas atitudes com a culpa. O recomendável é nomear as coisas como são. "Não pode pegar a tesoura porque é perigoso. Se não comer, o risco é ficar fraco e doente, e não deixar os pais tristes", exemplifica a psicóloga.

Fórmula pronta
A dona de casa Margarida Xavier, 30 anos, diz que nunca viu problema em usar a estratégia com a filha Isabela, de 4 anos. "Sempre digo que estou muito triste quando ela não se comporta bem. Acho melhor do que dizer que estou brava. Qual é o problema?", pergunta ela. "A tristeza é um sentimento destrutivo da força e a criança, em fase de auto-afirmação, precisa da mãe forte e inteira, como referência de integridade. Ela não deve sentir-se no risco de destruir a própria mãe", responde a psicanalista Renate Meyer Sanches, da PUC de São Paulo.É preferível a repreensão clara, tomando-se sempre o cuidado de dirigi-la ao comportamento indesejável, e não à própria criança. "Quando é firme na atitude, a mãe demonstra força e ocupa o lugar que é dela, o da autoridade", explica Renate. Quando usa a tristeza como arma de convencimento, ela transfere essa força ao filho. "Ele pode se convencer de que é mesmo um destruidor e assumir isso, com prejuízo para a auto-estima. No extremo oposto, ele pode inibir o impulso transgressivo, tão necessário ao crescimento, por medo de destruir a mãe", diz a psicanalista.

Educação sentimental
Evitar declarar tristeza com o filho pequeno não impede de educá-lo em relação a afetos e desafetos. "O importante é nomear corretamente os sentimentos", diz a psicóloga Cristiane Sapiro. Deve-se ressaltar que a atitude da criança provocou tristeza quando isso for verdade: se ela excluiu um amiguinho da brincadeira e ele se magoou, por exemplo. Quanto aos pais de filhos pequenos, o mais comum é que fiquem irritados, ou impacientes, ou desconcertados, ou inseguros, ou cansados, ou tudo isso junto. Mas, quando houver uma reação freqüente de tristeza, é hora de procurar ajuda.

Redação Crescer


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