Será que lhe dei mimo a mais?

Efetivamente existe uma ligação direta entre o mimo e os comportamentos despropositados, talvez porque ouvimos, muitas vezes, decretar que “mimo a mais estraga”. Contudo, não é exatamente ao mimo que se deve apontar o dedo, como sendo o grande causador de uma baixa resistência à frustração das crianças, pois, o que se encontra na base de um baixo limiar de frustração é a incoerência na definição de limites, tão necessários para o seu saudável desenvolvimento.


NÃO


Nenhuma criança gosta de ser contrariada, no entanto, existe uma curiosa dualidade: se, por um lado, existe a birra, a frustração e o amuo; por outro lado, a criança, ao testar os limites dos pais, está a transmitir justamente a necessidade de disciplina. Por isso é que a explicação das regras, de uma forma adequada à idade da criança, é algo essencial. Para além disso, perante o comportamento desadequado, não só se deverá explicar o porquê da repreensão, mas também orientar a sua atenção para outra atividade. Outra das questões mais frequentes está relacionada com a idade em que se deve começar a disciplinar. É absolutamente necessário que o bebé aprenda a esperar um pouco, ou seja, que as suas necessidades não sejam logo satisfeitas, pois, só assim conseguirá gerar defesas para lidar com as frustrações.


Muito severo


Perante certas situações, como saber se não está a ser demasiado brando ou rígido com a criança? Importa ter presente que a disciplina deverá ser constante, ou seja, se perante o mesmo tipo de situação um dia a criança é castigada e no outro dia é ignorada, haverá a tendência para repetir o comportamento até perceber se é adequado ou não. Para além disso, existem sinais que as crianças nos dão sobre a intensidade e a natureza da disciplina que estão a receber, permitindo-nos ajustar as nossas orientações. E não se esqueça de que ser demasiado autoritário é tão negativo como ser permissivo. Pais autoritários tendem a transformar as crianças em seres frágeis, indefesos e com medo do Mundo. Por outro lado, encontramos pais que não sabem dizer “não”, porque vivem com medo de que os filhos deixem de gostar deles ou porque não desejam conotar negativamente o tempo que têm com eles.


Pouca ou muita atenção


As crianças são muito expressivas, pelo que se nos estivermos atentos, poderemos perceber alguns sinais e sintomas que demonstrem falta de atenção ou demasiada rigidez na disciplina: apatia e pouca expressividade de emoções; não existirem momentos em que a criança desafia a autoridade; acentuada sensibilidade a críticas; regressão no desenvolvimento; tensão, nervosismo e irritabilidade fácil; comportamento muito dócil.


Disciplina individualizada


Enquanto que para algumas crianças é suficiente ter uma curta conversa, mostrando-lhes o que fizeram de mal para que modifiquem o seu comportamento; para outras é necessário repetir constantemente as regras. Para além disso, quando se fala em castigos, tem que se ter em conta o temperamento da criança. Por exemplo, uma criança mais sensível poderá ressentir-se mais quando é mandada para o quarto sozinha do que uma criança mais ativa e irrequieta. Havendo que evitar, ao máximo, o castigo físico, pois, não se pretende que os mais pequenos aprendam que é pela força e pela agressão física que as dificuldades da vida se resolvem.
 
Fonte: Jornal "Folha de Portugal"


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